Que os empreendedores de negócio enfrentam desafios a todo o momento não é novidade para ninguém. As mudanças ocorrem rapidamente e, nem sempre, o planejado ontem se aplica hoje. Mas, será que os colaboradores de uma empresa enfrentam os mesmo desafios ou buscam resolver os mesmos problemas dos empreendedores?
Na busca pela inovação, todos estão no mesmo barco. Os empreendedores de negócio dependem de seus colaboradores para que a empresa possa se diferenciar no mercado e assim ganhar vantagens competitivas. Portanto, muitos destes colaboradores têm sido incentivados para se tornar uma espécie de empreendedor interno. Eles são conhecidos, eventualmente, de intraempreendedores.
Conceitualmente, intraempreendedor é o indivíduo que, em vez de tomar a iniciativa de abrir o seu próprio negócio, toma a iniciativa de criar, inovar e buscar novas oportunidades e negócios para a organização na qual trabalha. É o empreendedor dentro da própria empresa.
As Diferenças entre o empreendedor interno e o de negócios são bem óbvias, mas bem similares. Em ambos, o empreendedor busca transformar um sonho, uma visão de oportunidade, num negócio que gere valor e riqueza para a sociedade. A diferença principal está no ambiente em que se desenrolam os projetos: O empreendedor de negócio enfrenta os riscos do mercado, muitas vezes, sem ter ninguém para bancá-lo, usando seus próprios recursos. O empreendedor interno atua com riscos diferentes, sempre dentro do ambiente organizacional, o que não quer dizer que sua tarefa seja mais fácil. Na verdade, o empreendedor interno também tem de correr riscos. Apesar de estar, aparentemente, ‘protegido’ pela estrutura corporativa, ele não pode se dar ao luxo de errar, só porque não são seus bens que estão em jogo. Quando a empresa entra com capital para bancar uma ideia de um funcionário, ela assume o papel de investidor interno Portanto, a diferença básica entre o investidor interno e o investidor externo é que, enquanto um se concentra nos resultados financeiros do seu investimento, o outro se preocupa, além do resultado financeiro, com a imagem, perspectivas de crescimento, alinhamento com a estratégia, o clima interno, o impacto social na comunidade.
E como esta não é uma tarefa muito fácil, listamos a seguir 10 dicas do especialista em gestão, Antônio André Neto, que mostram como criar um ambiente propício ao desenvolvimento de intraempreendedores.
1. Apresente desafios
No ambiente propício, os intraempreendedores se autonomeiam para assumir tarefas. O empresário apresenta aos potenciais "campeões" o desafio e deixa que o candidato que assumirá a responsabilidade surja espontaneamente. Aquele que mais se identificar com a "causa" vai assumi-la como sendo sua e tocará o projeto com mais razões para a ação do que alguém a quem fosse simplesmente designada a tarefa sem que houvesse motivação.
2. Dê liberdade de decisão aos funcionários
O intraempreendedor deve ser o responsável pelo andamento do projeto. Ao receber a incumbência, ele deve receber também os recursos e a liberdade para decidir, sem depender de aprovações de níveis hierárquicos mais altos, que quase sempre atrasam ou emperram de vez os projetos.
3. Dê tempo para que novas ideias sejam desenvolvidas
As empresas inovadoras costumam permitir que seus intraempreendedores utilizem recursos da empresa, principalmente seu tempo e o de sua equipe, para explorar e desenvolver novas ideias. Naquelas que controlam seus recursos de forma tão rígida que nada está disponível para criar e aproveitar o inesperado, o resultado é sempre previsível: nada de novo.
4. Não foque apenas em megaprojetos
O sucesso da empresa no longo prazo nem sempre é resultado de um megaprojeto bem estudado e planejado nos mínimos detalhes. Muitas vezes é um somatório de pequenos acertos, de várias oportunidades sendo exploradas ao mesmo tempo. O comandante Rolim, fundador da companhia aérea TAM, dizia que "o ótimo é inimigo do bom". Ache intraempreendedores, dê a eles os recursos e deixe-os trabalhar.
5. Oriente
O intraempreendedor precisa de suporte. O patrocinador, muitas vezes o chefe, deve dedicar tempo para orientar e para eliminar obstáculos que dificultam ou impedem a ação de seu patrocinado.
6. Reconheça um bom trabalho
O chefe deve dar crédito ao intraempreendedor comprometido, ainda que o sucesso de um projeto não surja nas primeiras tentativas. Só se deve tirar um negócio ou produto em desenvolvimento de um intraempreendedor para passá-lo ao próximo da fila em caso de extrema necessidade.
7. Aproveite oportunidades de longo prazo
Inovações bem-sucedidas começam geralmente com enganos e falsos começos. Elas levam tempo, às vezes meses ou mesmo anos. O ritmo das corporações exige sucessos de curto prazo e isso mata muitas oportunidades de novos negócios, que depois acabam sendo colocados no mercado pela concorrência.
8. Facilite o contato entre departamentos
A ação dos intraempreendedores desenvolvendo novas soluções frequentemente é interdepartamental e interdisciplinar. Por isso, é preciso haver trânsito livre para negociar recursos de outros departamentos da organização ou mesmo fora dela. A defesa territorial "ciumenta" bloqueia inovações.
9. Facilite o surgimento de pequenas equipes
Com responsabilidades claras e "carta branca" para tocar intraempreendimentos.
10. Dê opções aos intraempreendedores
Ao contrário dos empreendedores, que em geral têm múltiplas opções, podem buscar diferentes patrocinadores, fornecedores ou mesmo diferentes clientes, o intraempreendedor enfrenta a situação de uma só opção. São os chamados monopólios internos. Muitas vezes os intraempreendedores devem ter seus produtos fabricados por determinada empresa ou vendidos por uma força específica. Com muita frequência, esses grupos carecem de motivação ou são simplesmente inadequados para aquele trabalho, e uma boa ideia morre desnecessariamente.
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